Brasil acelera revolução da IA com plano estratégico do MCTI
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil lançou recentemente uma estratégia ambiciosa para posicionar o país como um ator relevante no cenário global de inteligência artificial (IA). O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028, com o objetivo de modernizar serviços públicos, combater desigualdades e promover a inclusão social através da tecnologia.
Esta iniciativa surge em um momento crucial, quando a adoção de IA está transformando rapidamente diversos setores da economia global. Segundo estudos recentes, cerca de 56% dos brasileiros já percebem o impacto da IA em suas vidas cotidianas, enquanto 45% da força de trabalho no país está exposta a mudanças significativas devido a essa tecnologia emergente.
O PBIA abrange áreas estratégicas como saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, agricultura e gestão governamental. A ministra do MCTI, Luciana Santos, enfatiza que o plano busca não apenas acompanhar tendências globais, mas também desenvolver soluções inovadoras que atendam às necessidades específicas do Brasil, aproveitando vantagens competitivas como a disponibilidade de energia limpa e infraestrutura existente.
Desenvolvimento de um ecossistema de IA nacional
Um dos pilares do PBIA é o desenvolvimento de um ecossistema de IA robusto e autônomo no Brasil. Isso inclui a criação de um supercomputador de alta performance, essencial para o processamento de grandes volumes de dados e o desenvolvimento de algoritmos avançados. O plano também prevê a expansão do supercomputador Santos Dumont, no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), com o objetivo de torná-lo um dos cinco maiores do mundo.
Além da infraestrutura computacional, o MCTI está investindo na formação de talentos e na retenção de profissionais altamente qualificados em IA. O plano inclui iniciativas para capacitar 115 mil servidores públicos até 2026, com um investimento de cerca de R$ 7,5 milhões. Esta medida visa não apenas melhorar a eficiência do setor público, mas também criar uma força de trabalho preparada para os desafios da era digital.
Para fomentar a inovação, o PBIA propõe a criação de um fundo de investimentos para startups de IA e a ampliação do uso da tecnologia entre os pequenos negócios. Essas ações visam estimular o empreendedorismo tecnológico e criar um ambiente propício para o surgimento de soluções inovadoras made in Brazil.
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O PBIA busca posicionar o Brasil como líder em inovação e aplicação ética da IA. (Imagem: Reprodução/Divulgação) |
Impactos e desafios da implementação da IA no Brasil
A implementação em larga escala da IA no Brasil promete trazer benefícios significativos, mas também apresenta desafios importantes. Estudos recentes apontam que a adoção de IA no país poderia aumentar o PIB em até 5% em um horizonte de cerca de dez anos, com um cenário otimista prevendo um aumento de até 8% e uma elevação da Produtividade Total dos Fatores (PTF) de 4%.
No entanto, o impacto no mercado de trabalho é uma preocupação central. Especialistas alertam que cerca de 37 milhões de postos de trabalho no Brasil estão expostos à IA generativa, o que representa 37% do total. Desse grupo, uma parcela significativa poderá passar por mudanças substanciais na forma de trabalho, com alguns empregos correndo o risco de serem substituídos pela automação.
Para mitigar esses riscos, o PBIA inclui medidas para promover a requalificação da força de trabalho e estimular a criação de novos empregos em setores emergentes ligados à IA. O plano também enfatiza a importância de desenvolver e aplicar a IA de forma ética e responsável, alinhada com os princípios definidos pela OCDE, como transparência, explicabilidade e responsabilização.
Perspectivas futuras e cooperação internacional
O sucesso do PBIA dependerá não apenas dos investimentos e das políticas implementadas, mas também da capacidade do Brasil de colaborar internacionalmente e aprender com experiências bem-sucedidas. O plano prevê a criação de um Núcleo de IA do Governo Federal, que será responsável por coordenar iniciativas, treinar modelos de IA e identificar projetos estratégicos.
A ministra Luciana Santos destaca que o Brasil busca se inspirar em casos de sucesso como o DeepSeek, um modelo de IA desenvolvido por uma startup chinesa que alcançou resultados impressionantes com recursos limitados. Essa abordagem demonstra que países emergentes podem competir no mercado global de IA sem depender necessariamente de investimentos bilionários.
À medida que o Brasil avança em sua jornada de IA, o país tem a oportunidade de se tornar um líder regional e global em aplicações éticas e socialmente responsáveis da tecnologia. O PBIA representa um passo importante nessa direção, prometendo não apenas impulsionar a inovação e a competitividade econômica, mas também promover o desenvolvimento sustentável e inclusivo através do poder transformador da inteligência artificial.