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IA generativa impulsiona demanda por energia nuclear entre big techs

Google, Microsoft e Amazon investem em reatores nucleares para alimentar data centers de IA, visando energia limpa e constante.
Emerson Alves

A corrida pela inteligência artificial generativa está levando gigantes da tecnologia a uma direção inesperada: a energia nuclear. Recentemente, empresas como Google, Microsoft e Amazon anunciaram investimentos significativos em tecnologia nuclear para alimentar seus crescentes data centers de IA. Esta mudança estratégica reflete a necessidade urgente de fontes de energia limpas e confiáveis para sustentar o rápido avanço da IA.

O Google, por exemplo, firmou uma parceria com a Kairos Power para desenvolver pequenos reatores nucleares modulares (SMRs), com o primeiro reator previsto para operar ainda nesta década. A Microsoft, por sua vez, fechou um acordo de 20 anos para comprar energia de uma usina nuclear inativa que será reativada. Já a Amazon investiu na X-energy, uma desenvolvedora de SMRs, demonstrando o comprometimento das big techs com esta fonte de energia.

Estas iniciativas surgem em um momento crítico para o setor de tecnologia. Segundo a Agência Internacional de Energia, a demanda global dos data centers, IA e do setor de criptomoedas pode dobrar até 2026. Este aumento exponencial no consumo energético está pressionando as empresas a buscarem alternativas que conciliem alta disponibilidade e baixa emissão de carbono.

Energia nuclear como solução para demandas da IA

A opção pela energia nuclear não é por acaso. Jonathan Hinze, presidente da UxC, empresa de análise do mercado de combustível nuclear, afirma que os data centers e sistemas de IA necessitam de uma fonte de energia constante e estável, que não comprometa as metas de baixa emissão de carbono das companhias. "É por isso que a energia nuclear é uma combinação perfeita para eles", explica Hinze.

Os reatores nucleares oferecem vantagens significativas em comparação com outras fontes renováveis. Diferentemente da energia eólica ou solar, que dependem de condições climáticas favoráveis, as usinas nucleares podem operar ininterruptamente, fornecendo a estabilidade necessária para os data centers de IA. Além disso, a energia nuclear é considerada uma fonte de baixa emissão de carbono, alinhando-se aos objetivos de sustentabilidade das empresas de tecnologia.

No entanto, o caminho para a implementação dessa tecnologia não está livre de desafios. As empresas enfrentarão obstáculos regulatórios, questões de fornecimento de combustível e preocupações de segurança. Kate Fowler, líder global de energia nuclear da Marsh, alerta: "Ninguém fez isso antes. Então vão surgir desafios ao longo do caminho".

Reatores nucleares modulares prometem revolucionar o fornecimento de energia para data centers de IA. (Imagem: Reprodução/Canva)
Reatores nucleares modulares prometem revolucionar o fornecimento de energia para data centers de IA. (Imagem: Reprodução/Canva)

Impacto e perspectivas para o futuro da IA e energia

O movimento das big techs em direção à energia nuclear sinaliza uma mudança significativa na indústria de tecnologia. Michael Terrell, diretor sênior de energia e clima do Google, destaca que "a rede precisa de novas fontes de eletricidade para dar suporte às tecnologias de IA". Esta afirmação reflete a crescente conscientização sobre a necessidade de infraestruturas energéticas robustas e sustentáveis para suportar o avanço tecnológico.

Especialistas como Mark Nelson, do Radiant Energy Group, preveem que os centros de dados de IA podem em breve consumir mais eletricidade do que cidades inteiras. Esta perspectiva ressalta a importância estratégica dos investimentos em energia nuclear, que podem fornecer a potência necessária de forma constante e com baixa emissão de carbono.

No entanto, alguns pesquisadores, como Sasha Luccioni, especialista em IA e mudanças climáticas, argumentam que o foco deveria estar na redução da demanda energética da IA, em vez de simplesmente buscar novas fontes de energia. Esta visão sugere a necessidade de um debate mais amplo sobre a eficiência energética dos sistemas de IA e seu impacto ambiental.

Desafios e oportunidades para o setor nuclear

O interesse das gigantes de tecnologia representa uma oportunidade significativa para a indústria nuclear, que tem enfrentado desafios econômicos e de percepção pública nas últimas décadas. A demanda por energia limpa e constante para alimentar a IA pode revitalizar o setor, impulsionando inovações como os reatores modulares pequenos (SMRs).

Jacopo Buongiorno, professor de ciência e engenharia nuclear do MIT, vê a energia nuclear como "uma fonte de energia ideal" para as necessidades da IA. Ele argumenta que os reatores nucleares podem produzir eletricidade 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem emissões de carbono, alinhando-se perfeitamente com as demandas dos data centers.

Contudo, o sucesso dessa iniciativa dependerá da capacidade da indústria nuclear de cumprir prazos apertados e superar desafios técnicos e regulatórios. As primeiras usinas nucleares destinadas a alimentar data centers de IA estão previstas para entrar em operação no início da década de 2030, marcando o início de uma nova era na interseção entre energia nuclear e tecnologia avançada.

Emerson Alves
Analista de sistemas com MBA em IA, especialista em inovação e soluções tecnológicas.
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