China avança em IA e mira liderança global até 2030 com plano ambicioso
A China está determinada a se tornar líder mundial em inteligência artificial (IA) até 2030, com um plano estratégico que vem sacudindo o cenário tecnológico global. Lançado em 2017, o "Plano de Desenvolvimento de Inteligência Artificial de Próxima Geração" estabelece metas ambiciosas para posicionar o país asiático na vanguarda dessa tecnologia transformadora.
Recentemente, a startup chinesa DeepSeek chamou a atenção do mundo ao lançar um modelo de IA tão potente quanto os desenvolvidos por gigantes americanas, mas com custos significativamente menores. Esse feito não apenas desafiou o domínio dos Estados Unidos no setor, mas também evidenciou o rápido progresso da China em direção à sua meta de supremacia tecnológica.
O plano chinês inclui diretrizes abrangentes para a formação de profissionais, desenvolvimento industrial, avanço na pesquisa científica e investimentos em infraestrutura e regulação. Especialistas apontam que essa estratégia de longo prazo oferece lições valiosas sobre soberania digital para outros países, incluindo o Brasil.
Estratégia escalonada e investimentos massivos
O governo chinês estabeleceu metas escalonadas em seu plano de IA. Para 2025, o objetivo é alcançar "avanços significativos" em teorias básicas de IA e posicionar a indústria chinesa de inteligência artificial na cadeia de valor global. Isso envolve investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento, com um aumento anual de 7% no orçamento nacional destinado a essas áreas.
Um dos pilares da estratégia chinesa é a formação de talentos em IA. Estudo recente indica que metade dos pesquisadores de alto nível em IA do mundo está na China, um aumento significativo em relação aos 29% registrados em 2019. Esse investimento em capital humano tem sido crucial para o rápido avanço do país no setor.
Além disso, a China está focada no desenvolvimento de tecnologias de ponta, como a computação quântica e a "inteligência artificial geral" (AGI). Esses investimentos em áreas de fronteira visam garantir a liderança chinesa não apenas no presente, mas também nas próximas gerações de IA.
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Centros de pesquisa em IA na China impulsionam inovação e desenvolvimento tecnológico. (Imagem: Reprodução/Canva) |
Impactos globais e desafios regulatórios
O avanço da China em IA está gerando ondas de choque no mercado global de tecnologia. Recentemente, o lançamento do modelo DeepSeek-R1 causou uma queda significativa nas ações de empresas como Nvidia, levantando questões sobre a supremacia tecnológica dos Estados Unidos e o valor de mercado das gigantes de tecnologia americanas.
No entanto, a China enfrenta desafios únicos em sua busca pela liderança em IA. A regulação chinesa para IAs generativas, aprovada recentemente, impõe restrições aos conteúdos gerados, exigindo alinhamento com os "valores fundamentais do socialismo". Especialistas alertam que essas medidas de controle podem potencialmente frear a inovação e deixar a China em desvantagem na competição global.
Outro obstáculo significativo é a dependência da China em relação a semicondutores avançados, principalmente dos Estados Unidos e seus aliados. As restrições impostas pelo governo americano à venda de chips para a China têm forçado as empresas chinesas a buscar alternativas e investir pesadamente no desenvolvimento de tecnologia própria de semicondutores.
Perspectivas futuras e implicações globais
A ambição da China de liderar o setor de IA até 2030 está acelerando a adoção da tecnologia em diversos setores, incluindo empresas com presença global. Essa rápida evolução tem implicações significativas para a economia mundial, a geopolítica e o futuro do trabalho.
Especialistas apontam que o sucesso da China em IA pode levar a uma reconfiguração do equilíbrio de poder tecnológico global. A competição acirrada entre China e Estados Unidos no campo da IA promete impulsionar inovações em ritmo acelerado, beneficiando potencialmente consumidores e empresas em todo o mundo.
À medida que a corrida pela supremacia em IA se intensifica, outros países, incluindo o Brasil, são desafiados a desenvolver suas próprias estratégias de soberania digital. O exemplo chinês destaca a importância de investimentos de longo prazo em educação, pesquisa e infraestrutura tecnológica para garantir competitividade no cenário global cada vez mais dominado pela inteligência artificial.