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BRICS debate IA e proteção social no trabalho sob liderança brasileira

Encontro virtual discute impactos da inteligência artificial e políticas de proteção no mercado de trabalho dos países membros.
Emerson Alves

O Grupo de Trabalho sobre Emprego (EWG) do BRICS iniciou suas atividades nesta quarta-feira (12) e quinta-feira (13) de fevereiro, sob a presidência do Brasil. O encontro virtual, sediado em Brasília, reúne representantes dos países-membros originais - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - além dos novos integrantes: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

O evento, aberto pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, tem como foco principal discutir os impactos da Inteligência Artificial (IA) no mercado de trabalho, bem como a necessidade de implementar políticas de proteção social frente às transformações tecnológicas e climáticas que afetam o cenário laboral global.

Sob o lema "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável", a presidência brasileira do BRICS busca promover um desenvolvimento global mais equitativo, baseado na cooperação econômica e social entre os países emergentes. Esta iniciativa reflete a crescente importância da IA e da proteção social nas agendas governamentais e empresariais.

Desafios e oportunidades da IA no mercado de trabalho

A inteligência artificial está remodelando rapidamente o panorama laboral global, trazendo tanto desafios quanto oportunidades. Estudos recentes do Fórum Econômico Mundial indicam que até 2025, cerca de 85 milhões de empregos podem ser substituídos por máquinas, enquanto 97 milhões de novos cargos mais adaptados à divisão do trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos poderão emergir.

Este cenário de transformação acelerada exige uma reflexão profunda sobre as políticas de proteção social e as estratégias de adaptação da força de trabalho. Os países do BRICS, que representam uma parcela significativa da economia global, estão na vanguarda desse debate, buscando soluções que equilibrem o avanço tecnológico com a proteção dos direitos trabalhistas.

A discussão no âmbito do BRICS também aborda a necessidade de investimentos em educação e capacitação profissional para preparar a força de trabalho para as demandas futuras. Isso inclui o desenvolvimento de habilidades digitais, pensamento crítico e criatividade, que serão cada vez mais valorizados no mercado de trabalho influenciado pela IA.

Representantes dos países BRICS discutem o futuro do trabalho na era da inteligência artificial. (Imagem: Reprodução/Canva)
Representantes dos países BRICS discutem o futuro do trabalho na era da inteligência artificial. (Imagem: Reprodução/Canva)

Cooperação internacional e políticas de proteção social

A presidência brasileira do BRICS em 2025 representa uma oportunidade única para o Ministério do Trabalho e Emprego liderar discussões cruciais sobre o futuro do trabalho. O ministro Luiz Marinho enfatizou que a inteligência artificial não é mais uma promessa distante, mas uma realidade que redesenha as relações de trabalho e desafia modelos estabelecidos.

A cooperação internacional é vista como essencial para enfrentar os desafios globais impostos pela IA no mercado de trabalho. Os países do BRICS estão compartilhando experiências e buscando soluções conjuntas para questões como a regulamentação do uso da IA nas relações trabalhistas, a proteção de dados dos trabalhadores e a criação de redes de segurança social adequadas à nova realidade econômica.

Além disso, o grupo está discutindo políticas de transição justa para trabalhadores afetados pela automação, incluindo programas de requalificação e apoio à recolocação profissional. A troca de experiências entre os países membros é vista como fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de proteção social em um cenário de rápida transformação tecnológica.

Perspectivas futuras e próximos passos

O encontro do Grupo de Trabalho sobre Emprego do BRICS é apenas o início de um diálogo contínuo sobre o futuro do trabalho na era da inteligência artificial. Os resultados dessas discussões devem influenciar as políticas nacionais e internacionais relacionadas ao emprego e à proteção social nos próximos anos.

Espera-se que as conclusões deste encontro sirvam de base para a elaboração de diretrizes comuns entre os países do BRICS para lidar com os desafios impostos pela IA no mercado de trabalho. Isso pode incluir recomendações para marcos regulatórios, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e estratégias de cooperação técnica entre os países membros.

A chefe da Assessoria de Relações Internacionais do MTE, Maíra Lacerda, conduzirá uma coletiva de imprensa ao final do encontro para apresentar um balanço das discussões e os encaminhamentos do GT de Emprego do BRICS. Este será um momento crucial para entender as direções que o grupo pretende tomar em relação às políticas de trabalho e proteção social na era da inteligência artificial.

Emerson Alves
Analista de sistemas com MBA em IA, especialista em inovação e soluções tecnológicas.
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